Contato

ENSINO E EDUCAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS - 49CBG


 

Prezados Colegas Pesquisadores, Profissionais e Estudantes,


Foi prorrogado o prazo de submissões do 49º Congresso Brasileiro de Geologia, que acontecerá entre os dias 20 a 24 de agosto de 2018 na cidade do Rio de Janeiro (https://www.49cbg.com.br/).

No campo do Ensino e Educacao em Geociencias, a comunidade nacional tem feito grandes progressos em divulgação geocientífica e sobretudo na pesquisa sobre Educação, História e Ensino de Geociências. Entretanto, apesar do esforço conjunto, observamos a sistemática diminuição, quando não o desaparecimento, de conteúdos importantes das Ciências da Terra na educação básica. 

A implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) desafia geólogos e demais profissionais das Ciências da Terra a participar do processo, diante da extrema relevância de se introduzir conceitos e conhecimentos específicos no universo amplo da educação básica. É um desafio que deve ser enfrentado, para alterar o precário aproveitamento de conteúdos geocientíficos dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que serão substituídos pela BNCC. Existe a ameaça de perdermos a oportunidade de atrair novos talentos para os cursos de graduação em Geologia e ciências afins e, mais tarde, para programas de pós-graduação. Todos sabemos muito bem que o ciclo só se completa com a formação de novos quadros de professores e especialistas. 

O Brasil continua carente de profissionais capacitados para atuar em Ciências da Terra; para além da formação profissional, a formação de cidadãos ativos, críticos e propositivos depende de uma base mínima de conhecimentos acerca de como o planeta funciona.

Simpósio de Ensino e Educação em Geociências no 49º CBG pretende focalizar tanto as questões relacionadas à capacitação de geólogos e outros profissionais, como também o problema da formação docente e do desdobramento do trabalho de professores e professoras espalhados pelo País afora, que encontram dificuldade para minimamente compreender os processos do Sistema Terra e, a partir desse entendimento, transmitir os conceitos a seus alunos e alunas.

Um belo, porém imenso, desafio educacional. Perto de completar duas décadas do Século XXI, ainda identificamos na educação básica brasileira um modelo jesuítico, do século XVI.

Para enfrentar as diferentes facetas do desafio da formação e capacitação profissional (geral ou especializada) nas Ciências da Terra, os organizadores pretendem estimular os participantes a traduzir o estado-de-arte da educação em Ciências da Terra no Brasil, oferecendo relatos, experimentos e contribuições originais. Vivenciamos novo cenário, permeado por questões éticas e desafios críticos de relacionamento da humanidade com a Terra, com a vida no planeta como a conhecemos, e com o meio ambiente. Diante da ameaçadora "sexta grande extinção em massa de espécies", promovida por nós humanos, que está em curso, os temas de Geociências precisam e devem permear o noticiário. Ações de difusão científica devem ser valorizadas, para que se construam novos canais de comunicação com a sociedade. 

Temas que despertam interesse na comunidade nacional de Geociências, como Geoética, Geopolítica, Geoconservação, Geopatrimônio, Geoturismo e Geologia Planetária competem com campos tradicionais de atuação em Geologia. São campos todos imbricados, ou que possuem algum tipo de conexão, com "Ensino e Educação em Geociências".  É sabido que a Geologia descritiva e qualitativa obteve grande sucesso em fornecer bens minerais para sociedades em crescimento constante. Os limites para esse tipo de atuação foram atingidos no limiar do século XXI, porque a maioria dos depósitos minerais aflorantes já foi encontrada. Emerge um futuro em que dados qualitativos e quantitativos serão vitais para enfrentar a complexa demanda por água, metais, recursos energéticos, conservação de solos férteis, preservação ambiental e entendimento das mudanças climáticas. É importante discutir a ampliação e aprofundamento do ensino de informática, matemática, física e química, e as aplicações em mineralogia, petrologia, geofísica, geoquímica, exploração mineral, entre outras disciplinas, para que os futuros profissionais da Geologia enfrentem a crescente complexidade e sofisticação do mundo futuro.

O Simpósio convida os interessados a refletir sobre Ensino e Educação em Geociências: o que as Ciências da Terra têm a dizer diante do enorme crescimento populacional humano concentrado em cidades gigantes interconectadas? O simpósio deverá oferecer material farto para debates sobre currículos, programas de pesquisa e de divulgação das Ciências da Terra, bem como relatos de resultados de ações inovadoras. O cenário exige ações firmes e propositivas por parte dos geocientistas, no sentido de rever as pressões exercidas e construir uma cultura que considere a ação geológica da natureza na vida humana e nas cidades.

Em momento de tantas mudanças no País, convidamos todos para discutir e debater os rumos da educação. Se realmente acreditamos em propostas que revertam a extinção das Ciências da Terra dos conteúdos formativos escolares, temos de unir esforços para evitar o resultado previsível: um Brasil Geocientificamente Analfabeto.

Coordenadores:

Celso Dal Ré Carneiro

Rosely Aparecida Liguori Imbernon